Abertura da Exposição: Marcelo Solá - Desenhos inéditos do Gabinete Vermelho
Evento
/e/9213-abertura-da-exposicao-marcelo-sola-desenhos-ineditos-do-gabinete-vermelho: Centro Cultural UFG
: 15 de Junho 2023 às 19:30

Marcelo Solá - Desenhos inéditos do gabinete vermelho, é o título dado à exposição individual, do artista Marcelo Solá, que acontecerá no Centro Cultural da Universidade Federal de Goiás, com abertura dia 15 de junho às 19h30min, e visitação de 16 de junho a 11 de agosto de 2023, das 9h às 12h e das 14h às 17h, localizado no Setor Universitário (Goiânia/Goiás). Sobre a exposição, a pesquisadora, curadora e crítica de arte, Daniela Labra traz o seguinte texto de apresentação da exposição:
Marcelo Solá - Enredos gráficos com matéria bruta
"Quando pequeno, Marcelo Solá admirava as ilustrações da Enciclopédia de seus pais e desenhava incessantemente. Fez muitas intervenções pelas paredes de casa até que na adolescência ganhou um cômodo próprio para inventar suas marcas e pinturas. Prestou vestibular para arquitetura e não passou, o que abriu caminho para o desenvolvimento de um grande escritor em grafismos. Bem jovem conheceu a arte contemporânea e compreendeu a liberdade oferecida pelo conceito de abstração. Percebeu a possibilidade de inventar mundos, códigos, construções instáveis, arquiteturas chapadas em
inquietantes massas de cor, descumprindo conscientemente todos os rigores de uma escola estruturante.
A sua formação artística deu-se na prática do fazer, em estudos auto-didatas, viagens, contato com mestres e mestras em cursos livres e oficinas. Ao longo da trajetória iniciada no final dos anos 1990, ele criou um estilo de desenho-pintura singular e contemporâneo no modo de aglutinar referências bem diversas. São obras visualmente impactantes de atmosfera misteriosa e até soturna; escrituras gráficas-matéricas resultantes de uma abordagem crítica sensível, imaginativa e inquieta do mundo.

O artista goiano é pesquisador de arte naïve, cultura underground, arte popular, e mais. Mantém uma pequena editora de livros de poesia visual, prints, serigrafias e tiragens em papel de outros autores. Ele é um editor de conteúdos cujo olhar está treinado para detectar escritas e estruturas visuais mutantes, novas. Possuindo espírito de colecionador, costuma comprar em lojas especializadas estoques de materiais encalhados como esmalte sintético, pastel seco, óleo, spray, papéis para usar algum dia. Solá conta que se inspira e “ouve” as matérias-primas de seus futuros desenhos ao rever com novo frescor as quantidades guardadas por um tempo em seu ateliê.
Às vezes, alguns títulos surgem antes dos trabalhos se materializarem, gerando obras a partir de um enunciado, um conceito. Referências como Mira Schendel, Cy Twombly, Basquiat, Bispo do Rosário, Leonilson, arte Bruta, Naive, o Pixo e o Grafite motivam a profusão, em camadas de diferentes texturas, de grafismos inconformistas que desrespeitam as regras harmônicas do acabamento acadêmico. Uma intenção de tridimensionalidade sustenta precariamente figuras chapadas nem sempre codificáveis, em composições onde abstração e figuração convivem, sem vestígio de representação humana.
Recentemente, o artista retornou às Enciclopédias dos anos 1940-50, atraído pelo tipo de impressão reticulada da fotografia de época. Em intervenções diretamente sobre as páginas do livro, Marcelo Solá projeta nos cenários antigos das imagens estruturas de animais, casas, encapuzados, bichos, tipos gráficos, emaranhados e outros, especulando como esses elementos sobreviveriam ali. A intervenção artística sobre a folha da enciclopédia é então fotografada e ampliada em uma superfície de 140cm x 170cm, para sofrer novas alterações. Esta exposição apresenta desenhos vermelhos, algo que é novo na produção do artista. No início da sua trajetória desenhava em cores, depois passou por longa fase em P&B e agora volta ao colorido. Dentre as pesquisas inéditas ao público há também desenhos autorais executados por bordadeiras de Olhos d’Água, GO, como a experiente Dona Abadia. O traçado em linha e relevo sobre o plano quadrado do tecido oferece tridimensionalidade e dramaticidade inéditas ao desenho, e aponta um novo campo de pesquisa artística a ser expandido.

Marcelo Solá afirma que está sempre reavaliando e tentando encontrar um elemento final que complete a obra e seu sentido – algo que nunca chega a ocorrer. De certo modo, portanto, a percepção da incompletude move o processo de criação do artista, quem passa o tempo anotando, desenhando, escrevendo, rabiscando, coletando informações e prospectando finalizar o que não tem fim. Assume-se então que o eternamente incompleto não é sintoma de fracasso, mas do sentido alcançado em uma experimentação poética-gráfica-visual contínua".
Abertura: 15 de junho de 2023, às 19h30
Visitação: 16 de junho até 11 de agosto de 2023, 9h às 12h e 14h às 17h
Local: Centro Cultural da UFG
Av. Universitária, 1533 - Setor Leste Universitário, Goiânia - GO, 74605-220