Lançamento do livro " Cia de Santos Reis da Inhuminha"

Evento

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: Reitoria da UFG

: 11 de Novembro 2022 às 17:00

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O livreto “Cia de Santos Reis da Inhuminha”, da autoria de Sebastião Rios e Talita Viana e fotografias de Rogério Neves, apresenta, por meio de texto, depoimentos, transcricão musical e fotografias, uma parte significativa da memória desta Cia de Reis. Acompanha o trabalho um CD com as toadas de Santos Reis mais típicas da região da Inhuminha; sendo uma delas de autoria do embaixador João Cigano, atual responsável pelo grupo, que também assina um poema em homenagem aos foliões.
Voltados à salvaguarda e fomento do patrimônio cultural goiano e brasileiro, o livreto com o CD foram realizados por meio do projeto de extensão da Universidade Federal de Goiás “Memória e Salvaguarda da Companhia de Santos Reis da Inhuminha”, com patrocínio do Fundo de Arte e Cultura da Secretaria de Cultura do Estado de Goiás. Participaram ainda do projeto a Produtora Bastião e o Centro de Apoio Pedagógico para Atendimento às Pessoas com Deficiência Visual (CAP), em parceria com o Centro Brasileiro de Reabilitação e Apoio ao Deficiente Visual (Cebrav).
A Folia de Reis constitui uma das maiores celebrações da cultura e da religiosidade popular no Brasil e preserva, há várias gerações, cantos, toadas e batidas típicos das localidades em que surgiram e das circunstâncias de sua difusão. Inhuminha – oficialmente denominada Roselândia – é um distrito de Itauçu e está localizada entre esta cidade e Santa Rosa de Goiás, em um divisor de águas que tem, num raio de 3 km, as cabeceiras do Rio Passa Três e do Rio Turvo – que correm para o norte e compõem a bacia dos Rios Araguaia e Tocantins – e do Rio Meia Ponte, do Rio Inhumas e do Córrego Inhuminha – que correm para o sul e pertencem à bacia dos Rios Corumbá e Paranaíba. Seus moradores – atuais e antigos – mantém a tradição de comemorar a viagem dos Três Reis do Oriente para adorar o Menino Jesus desde 1957.
Em 2015, a Cia de Santos Reis da Inhuminha participou da publicação Toadas de Santos Reis em Inhumas, Goiás: tradição, circulação e criação individual (2015), voltada para a preservação da memória musical das Folias de Reis na região. Por estar desfalcada, na época, de alguns de seus foliões mais antigos, que haviam se mudado da região da Inhuminha ou de Itauçu, deixado de participar da Folia de Reis, ou falecido, o grupo pode fazer apenas um registro parcial de suas toadas típicas naquele momento.
Nesses últimos seis anos, entretanto, o grupo vem passando por um processo de reestruturação e renovação. Com a aposentadoria e retorno de antigos integrantes da Cia à região da Inhuminha/Itauçu e a retomada do contato com outros integrantes, incluindo alguns mais jovens que haviam se afastado da região e do grupo por motivos profissionais e de estudo, o momento mostrou-se propício para a reintrodução das toadas tradicionais. Assim, dando continuidade ao esforço de preservação da memória musical das Folias de Reis e de divulgação da variedade de toadas existentes na região, foi apresentado ao Fundo de Arte e Cultura do Estado de Goiás – FAC, o projeto “Memória e Salvaguarda da Cia de Santos Reis da Inhuminha”, visando salvaguardar e divulgar saberes, toadas, poemas e cantos da Cia de Santos Reis.
Além de um registro mais completo de seu repertório, uma das ações centrais do projeto é a realização de oficinas de memória e salvaguarda das antigas toadas de Reis da Inhuminha, voltada para crianças e jovens da comunidade e para foliões de grupos próximos (notadamente de Itauçu, Taquaral, Santa Rosa e Inhumas).
O projeto também vem realizando oficinas de toque de instrumentos e de cantos da Folia de Reis, voltadas para escolas e instituicões culturais da região, de Goiânia e de Brasília. Em ação complementar a este esforço de preservação e divulgação dessas toadas, os registros que constam deste livreto e CD e também do CD Cantorio de Santos Reis – que acompanha o livro Toadas de Santos Reis em Inhumas, Goiás – vêm sendo publicados na página da produtora Bastião no YouTube: https://www.youtube.com/user/viananeves.
Uma curiosidade a respeito dessa Cia é que as viagens, circulações, migrações são constantes em sua história. Primeiro, muitos foliões vieram de Minas Gerais, especialmente do Sul de Minas, para a região da Inhuminha e Turvo, no final da década de 1950, para tocar lavoura de milho, arroz, feijão e café, no movimento de expansão da fronteira agrícola. Nesse movimento, a própria Folia veio para Goiás em uma viagem de trem.
Segue, nas palavras de João Cigano, relato dessa viagem ouvida em uma prosa com o embaixador João Pedro Carvalhaes, pioneiro do grupo na Inhuminha. Eles vinham trazendo sanfona, violão e até a bandeira, já que tinham a folia em Minas. Aí, dentro do trem, reuniram a turma, que não estava toda completa, mas dava pra fazer uma palhinha. Ele pegou e falou pra turma: ‘ó, nós lá vai embora pra Goiás e vamos cantar uma folia aqui, uai, dentro do trem’. Aí disse que começou a cantar e uns falou: ‘não, mas o capitão pode achar ruim’. ‘Não, mas nós vai cantar. Se ele achar ruim nós pára’. E aí começou a cantar. O povo começou a levantar, pedir pra pegar na bandeira pra cantar… Então, eles cantaram a folia dentro do trem. Já começou vindo cantando de Minas. E veio pra Goiás.

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