Trajetória das mulheres na ciência é debatida em simpósio

Por que ainda é restrito o interesse feminino pelas chamadas ciências duras? Uma química e uma bióloga respondem

Por Patrícia da Veiga

Foto: Reuben Lago

 

As ciências coloquialmente chamadas de “duras” compreendem as áreas de Exatas e Engenharias. Nestas, há uma predominância de pesquisadores do gênero masculino que, muitas vezes, chega a amedrontar as mulheres. Este assunto foi discutido na tarde do dia 11/7, primeiro dia de reunião anual da SBPC em Goiânia, durante o simpósio “As mulheres na ciência”. Participaram as professoras Vanderlan da Silva Bolzani, da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquisa Filho (Unesp – Araraquara), e Vera Fonseca, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA).

A professora Vanderlan, que este ano será a única latino-americana a receber prêmio da Sociedade Americana de Química, introduziu o tema apresentando dados de uma pesquisa referente à realidade do trabalho nos Estados Unidos. Segundo ela, 46% do mercado nesse país é formado por mulheres, 27% estão na academia e, destas, 12% atuam nas Ciências Exatas e Engenharias. “Tudo indica que no Brasil não seja diferente. As mulheres são minoria absoluta na carreira acadêmica em todo o mundo”, revelou.

Para a professora Vera, que há 30 anos atua como bióloga e pesquisadora na Amazônia, o problema maior sequer é esse do envolvimento feminino em disciplinas como Química, Matemática ou Física, mas sim o fato de ainda existirem cientistas que tentam provar a diferença intelectual entre homens e mulheres. “É uma questão de oportunidade e de formação, não de evolução. Além disso, a área das humanidades não é 'leve'. Não podemos reforçar esse estereótipo”, ressaltou.

Vanderlan e Vera lembraram da trajetória de mulheres como Marie Curie, prêmio Nobel em 1903 pela descoberta da radiação. Ainda destacaram brasileiras como Carolina Bori, Glaci Zancan e Helena Nader, respectivamente, ex-presidentes e atual presidente da SBPC. No entanto, as professoras reconheceram que pouco corresponde ao esforço feminino do dia-a-dia. “Quando vamos observar quem está em sala de aula e realiza mais orientações, sobretudo na graduação, percebemos que o quadro é inverso e a maioria é mulher”, informou a professora Vera, revelando o paradoxo ainda a ser enfrentado no mundo das ciências.

 

Uma plateia repleta de mulheres acompanhou simpósio sobre a condição feminina nas ciências durante a 63a. Reunião Anual da SBPC

Fonte: ASCOM/UFG

Categorias: 63a. SBPC