UFG exibe mostra de filmes de Pier Paolo Pasolini
Se no século XX as obras de arte passaram a ter a contradição como uma das marcas indispensáveis da sua sobrevida, resistindo ao mecanismo que as identifica como produtos descartáveis e avessos à reflexão, poucos foram os cineastas assíduos no imaginário do cinema que efetivamente se posicionaram ao lado da arte. Talvez por assumir a contradição em sua própria maneira de esclarecer as forças dominantes de uma sociedade em crise, Pasolini é um desses cineastas.
Na obra do diretor italiano, não sem um estranho deslumbramento, reconhecemos uma Itália desmontada por suas poderosas convicções, e, por isso mesmo, um país que se agarrava a elas para tentar salvar a sua essência, projetando um futuro. O sagrado que purifica o sexo, que acusa no corpo o vazio da metafísica. A desigualdade que produz violência e a beleza criminosa de toda tragédia (o crime é sempre o mesmo: desencantar a vida). É assim que Pasolini se equilibra entre as simplificações ideológicas que o cercam, indo além delas e chegando aos dias de hoje. O que poderá dizer o seu cinema para o espectador do século XXI?
(Rodrigo Cássio)
Confira aqui a programação completa.
Debate do filme: Teorema
26 de outubro, quarta-feira – após a sessão das 17h30
Debatedores:
Marcelo Rodrigues – Professor e editor da revista Primeiro Plano
Fabiano Camilo – Historiador e membro do Portal OPS
Mediador:
Rodrigo Cássio (Facomb/UFG)
Fonte: Cine UFG
Categorias: Cinema