DDRH treina para mediação de conflitos na administração pública

Demandas internas e nova legislação levam UFG a sair à frente com treinamento estratégico para a solução de problemas e controvérsias no setor público

Texto: Silvânia Lima

Inerente às relações humanas, o conflito consiste num desacordo que exige solução adequada, satisfatória e rápida, pois o seu prolongamento pode gerar outros conflitos. No âmbito do trabalho – como em qualquer outro – pode causar prejuízos sérios e de diversas proporções. Nas organizações públicas, nova lei, aprovada há um ano, retoma o tema de forma mais eficiente. Com essa motivação e o intuito de subsidiar gestores e a comunidade em geral com a técnica da mediação de conflitos, o Departamento de Desenvolvimento de Recursos Humanos (DDRH) da UFG ofertou, recentemente, treinamento a um grupo de servidores docentes e técnico-administrativos da Regional Goiânia.

Rogéria Francisca Silva, do setor de Capacitação de Desenvolvimento do órgão, informa que o objetivo foi difundir a proposta dos métodos de solução de conflitos como uma atividade de gestão de pessoas/equipe. Além disso, reitera que “buscou-se desenvolver competências criativas e inovadoras para a construção de uma comunicação dialógica, em defesa da resolução pacífica dos conflitos, contribuindo para o desenvolvimento da cultura de paz e da pacificação social”.

Com a Lei nº 13.140, de 2015, que dispõe sobre a mediação entre particulares como meio de solução de controvérsias e sobre a autocomposição de conflitos no âmbito da administração pública, o tema mediação é retomado nas instituições públicas, que detêm  a maior demanda por soluções de conflitos internos. O diferencial está no termo autocomposição, que pressupõe a participação das partes, a solução conjunta por meio do diálogo e, por isso, mais efetivo. A nova concepção baseia-se nas ideias de consensualismo, cidadania ativa, eficiência.

O advento da nova lei, mas principalmente, algumas demandas internas da UFG foram determinantes à decisão de abordar essa temática em treinamento. A necessidade de trabalhar questões relacionadas ao gerenciamento de conflitos na universidade foi uma das pautas de discussão do Encontro com Gestores, realizado no final do ano passado, pelo DDRH. O tema novamente apareceu na recepção dos servidores aprovados no concurso de 2015, durante o Curso Introdutório realizado no início deste ano. “Embora com pouquíssimo tempo de universidade, os servidores trouxeram, com preocupação, a percepção dos inúmeros conflitos nos diversos ambientes de trabalho”, informa Rogéria Silva. Além disso, enquanto órgão de gestão de pessoas, mensalmente, o DDRH medeia, encaminha e/ou soluciona diversos conflitos relacionados, principalmente, à gestão de equipes na universidade.

A mediação de conflitos é uma técnica de base dialógica, não adversal, cuja proposta é um acordo final entre os participantes. O mediador apto deve agir conforme os princípios da mediação a imparcialidade do mediador, isonomia entre as partes, oralidade, informalidade, autonomia da vontade das partes, busca de consenso, confiabilidade e boa-fé. As técnicas utilizadas na mediação de conflitos tem como base a boa comunicação, como a recontextualização, cujo objetivo é delinear o problema, normalização, organização de questões de interesse e audição de propostas. De acordo com Fernanda Valadares, o sucesso na condução do trabalho de mediação norteia-se pelo acolhimento da(s) pessoa(s) e da situação problema, cuja solução deve considerar seus interesses e sentimentos.

“Conflitos sempre vão existir onde pessoas estiverem vivendo em grupo, mas esses conflitos devem ser encarados de forma diferente, como uma oportunidade de mudança, de crescimento tanto pessoal como da equipe, sem animosidades” afirma Rogéria Silva, na esperança de ganhos sobre resultados práticos, com a habilitação de novas competências pela turma. “Espera-se, haja melhora na comunicação entre as pessoas no ambiente de trabalho. Pensamos que um ambiente de trabalho mais harmonioso é obtido por meio o diálogo e a cooperação, e estes foram alguns valores passados no curso”, disse.

Rogéria Silva informa que a partir do curso, surgiu a ideia da elaboração de um projeto para a criação de uma Câmara de Pacificação de Conflitos na universidade. Ela e os colegas Ivan Carlos Gomes (DDRH) e Adriana Santana, autora da proposta, que atua na Coordenação de Processos Administrativos (CDPA), já estão trabalhando na estruturação do projeto.

Essa foi a primeira vez que o DDRH ofereceu o curso de Mediação de Conflitos na Administração Pública. A advogada e especialista na área Fernanda Duarte da Costa Valadares foi a facilitadora do treinamento. Houve a participação de 24 servidores da Regional Goiânia, e desses 13 ocupam cargo de gestão, direção ou coordenação. A carga horária do curso, com caráter teórico prático, foi de 32 horas. É intenção da equipe do DDRH ofertar o treinamento a outras regionais da UFG, dependendo da disponibilidade de recursos.

 

 

 

Fonte: Ascom/UFG

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