Palestra sobre evolução humana encerra atividades de boas-vindas

Texto: Roseneide Ramalho

Fotos: Carlos Siqueira

Em busca de compreender o lugar do homem na natureza, estudantes, professores e público em geral estiveram presentes no fim da tarde desta sexta-feira (29/4) no Planetário, Setor Central. Ao expor uma visão biológica para a evolução humana, o último encontro da programação de Boas-Vindas 2016 da Universidade Federal de Goiás (UFG), que teve como palestrante o pró-reitor de Pós-Graduação, José Alexandre Diniz Filho, abordou questões sobre a origem, os locais e de que forma a linhagem humana surgiu e se espalhou pelo planeta. Também estiveram presentes o reitor da UFG, Orlando Amaral, e o pró-reitor de Graduação, Luiz Mello.

A partir desses três postos-chave o pró-reitor levou os presentes no evento a uma viagem pelas características que fizeram o homem como é conhecido hoje. “Precisar a origem de uma espécie não é tarefa simples. Como espécie, temos características que surgiram muito antes da nossa própria espécie”, explicou ao lembrar que há aproximadamente 5 milhões de anos o homem se diferenciou dos demais hominídeos existentes na Terra. “Alguns fósseis desse período apresentam características que mostram que a espécie mais próxima a nós é o chimpanzé”, afirmou.

O objetivo do encontro foi discutir a evolução humana e também abordar questões comportamentais ligadas à conservação da biodiversidade explicou o pesquisador. “Existe uma percepção contínua do homem distante da natureza e a ideia é mostrar que o homem é parte da natureza e muito do que a gente é, ou quase tudo do que a gente é, na realidade, é fruto de um processo de evolução”, destacou.

 Atividade marcou o encerramento da programação de Boas-Vindas da Regional Goiânia promovida para a comunidade universitária 

Ao apontar características que diferenciam a espécie humana, o professor listou aspectos como tamanho do corpo, dieta, sistema cultural e distribuição geográfica. Samanta Lee Barbosa, 26 anos, graduada em Biologia, viu o tema da expansão territorial do homem como um de seus assuntos de maior interesse, além de ouvir o palestrante, considerado referência nacional em estudos na área de Ecologia. “Gostei muito da parte da expansão do homem a partir da África para outros lugares, acho bem importante para entender questões raciais”, comentou.

Neste ponto, José Alexandre apontou que o cérebro desenvolvido confere ao homem uma maior capacidade evolutiva, entretanto, apresenta uma desvantagem biológica que é a dificuldade de nascimento. “Para solucionar esse problema, nascemos mais cedo e envelhecemos devagar”, explicou ao lembrar que um bebê humano nasce em estado menor de desenvolvimento em relação a outros animais. Segundo José Alexandre esta característica humana é definida como neotenia.

“Um ser de grande porte, ocupando o mundo inteiro. É um evento raro e único na face da terra”, destacou ao falar sobre a distribuição do homem no mundo e o impacto dessa ocupação. Neste ponto, foram apresentadas informações sobre as espécies de mamíferos dizimadas pelo homem, a origem da agricultura, o aumento da população e questões ligadas ao desenvolvimento de tecnologia. “Estudos apontam que a perspectiva é que sejam 12 bilhões de pessoas na Terra em 2050”, informou lembrando que, ao passo que a população aumenta, a capacidade de drenar recursos aumenta ainda mais.

O pesquisador acredita que o tema debatido pode contribuir para a construção de um novo pensamento e colaborar para a formação dos estudantes.  “Ao mesmo tempo em que as nossas características são forjadas pela nossa história e pela nossa inserção dentro do contexto animal, temos livre arbítrio para tomar decisões, para compreender e para mudar essa história no futuro”. Ao citar o autor Jared Diomond, José Alexandre lembrou ocasiões em que o homem não foi capaz de sobreviver, como, por exemplo, na Ilha de Páscoa.

Palestrante destacou a visão naturalista sobre a espécie humana nos vários períodos de evolução 

Para Bruno Ribeiro, estudante do mestrado em Ecologia e Evolução da UFG, tudo que foi apresentado dá oportunidade de dimensionar a posição do homem no planeta. “A gente às vezes perde essa consciência de espaço e de tempo e do processo evolutivo que nos levou a chegar nesse momento e tudo o que vem acontecendo e como vem acontecendo. Eu achei importante ter isso em mente até para entender que nós não somos a única espécie desse planeta”, opinou.

Boas-Vindas

A palestra sobre o lugar do homem na natureza encerrou a programação de Boas-Vindas 2016 da Regional Goiânia da UFG. De acordo com Orlando Amaral, neste ano a proposta foi inovadora com a realização de vários eventos, diferentemente da tradicional aula magna. “Nós decidimos fazer uma programação mais distribuída, foram cinco eventos, finalizando com o de hoje. Todos os temas foram muito relevantes e com uma razoável participação da comunidade”, avaliou.