Poesia pelo ar

Projeto interdisciplinar faz crianças e jovens tomarem gosto pelas letras a partir de uma brincadeira bem simples: soltar pipa

Por Patrícia da Veiga (Ascom/UFG)

Fotos: Carlos Siqueira

 

O Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação (Cepae) realizou no sábado, 29 de maio, a segunda edição do Festival Pipoesia. Toda a escola debruçou-se sobre os versos e tratou de retirá-los de seu recipiente mais tradicional: os livros. Assim, por meio da fotografia, da dança, do teatro, do jogral e, é claro, da brincadeira de soltar pipa, as crianças apresentaram aos seus familiares alguma forma de poesia.

O tema central foi o Dia das Mães, comemorado no mês de maio. Cada turma ficou responsável por uma atividade que envolvia algum tipo de linguagem. A confecção das pipas, o objeto central do projeto, foi feita pela segunda fase do ensino fundamental; os pequenos da primeira fase ajudaram a confeccionar o convite enviado aos familiares e o ensino médio realizou uma exposição de fotografias.

A iniciativa é interdisciplinar e integra um projeto realizado ao longo de todo o ano nas aulas de Matemática, Português, Informática, Teatro, Artes e Educação Física. Assim, cada professor se apropriou do tema da forma mais ajustada ao que ensina.

“Aprendemos as medidas das pipas com o professor de Matemática e fizemos os poemas com a professora de Português”, explica Karine Magalhães Dias, que cursa o 6° ano. Segundo Karine, a parte mais difícil foi confeccionar a “pipoesia” nas aulas de Educação Física: “nem todos conseguiram”. Ela, que foi a “escritora” de seu grupo de trabalho, gostou mais da parte de elaborar o poema que escreveu na pipa: “misturei algumas coisas que vi na internet com frases minhas”.

Beatriz Cristiny de Freitas Oliveira, da mesma turma que Karine, preferiu fazer a pipa: “a minha deu certo”. Ela nunca tinha feito um brinquedo desses, mas gostou tanto que, segundo ela, acabou até ensinando aos mais jovens. Outra colega de Karine e Beatriz, Fernanda Monteiro, participou de todos os processos e lembrou: “aprender assim é bem melhor”.

 


Houve também quem participou da declamação, da dança e das apresentações de teatro. Joelington Cândido de Souza, de 12 anos, ensaiou na biblioteca para declamar seu texto à sua mãe, Claudete, que, ao ouvir o filho, ficou com os olhos marejados. “Me emocionei”, resumiu. Outra aluna da mesma idade de Joelington, Lara Nunes Barbosa, estava contente com o texto de sua própria autoria. “A minha mãe é a melhor do mundo/ e a sua também”, recitou, sorrindo.

O envolvimento de cada um foi de acordo com as próprias possibilidades de apropriação. E era esse um dos objetivos das atividades. O mais importante foi dar um sentido vivo à poesia, conforme ressaltou o projeto básico apresentado ao Cepae em 2009.

Os familiares que estiveram presentes aprovaram a iniciativa e voltaram para casa reflexivos. “Percebi o quanto preciso melhorar em casa, incentivar meu filho a ler mais”, destacou Zenilda Pereira da Silveira, mãe de Fillipe Silveira Souza, de 11 anos. Zenilda é servidora da UFG e trabalha no Hospital das Clínicas. Ela disse ter apreciado muito a mistura entre linguagens: “fotografia, pipa, teatro... você viu que bonito?”.


Uma pipa é mais

do que linha e papel,

cola, rabiola, cerol,

uma pipa

é ao mesmo tempo

dança e vento,

redemoinho feito

com pedaços de céu,

é o vôo

de quem não tem asas,

é a casa alada

de cada menino,

é o jeito mais simples

de virar estrela cadente.

 

“Pipa no céu”, de Roseana Murray, foi o poema escolhido para compor o convite enviado aos pais.

 



Fonte: Ascom/UFG

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